Confidentes

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Sobre os famigerados semideuses do teatro






Olimpo

Intensa. É como penso a minha relação com o teatro. É intensa a sensação de ter um chamado. Por que é isso (ou não é): Teatro não é hobby, profissão, formação, modismo... Fazer teatro é ser convocado. É mais ser escolhido do que escolher sem precisar deixar ninguém de fora. Por que teatro só se faz com as pessoas e por elas. Por que é inclusivo, mesclado e puro. Por que nele podemos ser quem quisermos...
E por que tudo isso? Por que o teatro é profano, mas é Sagrado! Por que é teatro. Pronto. Por que teatro é isso, mas nunca só isso.  
Por que ser o teatro implica em estar Pronto para aprontar sempre! E ele, o teatro, vai implicar se custarmos rendermo-nos a isso e tudo bem, que assim seja, por que sem isso minha vida não teria a menor graça.
         Por que se faz teatro, afinal?  Para restar vivo mais de uma vez e morrer para si mesmo quantas vezes forem necessárias (e são tantas...)
E abdicar, meus queridos, de algum modo não é santo Também?  Pois é isso. É teatro, e quando ele, o teatro, se personifica para mim, como no ensaio de ontem, como nos últimos eventos, me dou conta do quanto esta é também uma  relação sedutora.  
Ainda que pese a rotina, a lentidão e a rudeza da vida sobre as circunstâncias das quais queiramos ou não estamos expostos, ainda que alguma tristeza faça menção de aproximar-se deflagrando os velhos sonhos de um mundo novo, ainda assim virá ele, o teatro, quase um filho, quase um pai, quase um de nós! Como um deus... Como Deus para dizer:
“Vem, vamos brincar mais um pouco. Acreditar vez em quando, divertir-se mais. Vem, vamos vestir como todos, a máscara da sobrevivência para despir alma; pois a nós os famigerados, subversivos, desertores, vocacionados,  vagabundos, elevados, achados e perdidos, os fazedores de teatro, os semideuses o que resta é isso: cumprir o chamado. Chamar gente para ver, para fazer, para contrariar se for o caso e compartilhar sempre por que é preciso e por que teatro é isso também. Vem, vamos desnudar o mundo de cinzas e coser com magia um novo manto, um outro olhar, uma outra vida, tudo outra vez... Como guerreiros, missionários, desbravadores,  como sonhadores que somos. Tão humanos, tão  mortais”.
          A questão toda é prontificar-se. Para então provida de divagações, cansaços e sorrisos retornar de um dia todo de trabalho. Tomada. Completa e como sempre seduzida. Alma lavada e de verdade. Alma entregue. Sempre.
No mais, a Vida segue na boa e velha conclusão (que não é uma conclusão, mas sim uma pergunta) que me sustentou até aqui:
“Que outro jeito se não fazendo teatro pra eu ser feliz?”
Jacqueline Lemos





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