Olimpo
Intensa. É como penso a minha relação
com o teatro. É intensa a sensação de ter um chamado. Por que é isso (ou não é):
Teatro não é hobby, profissão, formação, modismo... Fazer teatro é ser
convocado. É mais ser escolhido do que escolher sem precisar deixar ninguém de
fora. Por que teatro só se faz com as pessoas e por elas. Por que é inclusivo,
mesclado e puro. Por que nele podemos ser quem quisermos...
E por que tudo isso? Por que o teatro
é profano, mas é Sagrado! Por que é teatro. Pronto. Por que teatro é isso, mas nunca
só isso.
Por que ser o teatro implica em estar
Pronto para aprontar sempre! E ele, o teatro, vai implicar se custarmos
rendermo-nos a isso e tudo bem, que assim seja, por que sem isso minha vida não
teria a menor graça.
Por que se faz teatro, afinal? Para restar vivo mais de uma vez e morrer para
si mesmo quantas vezes forem necessárias (e são tantas...)
E abdicar, meus queridos, de algum
modo não é santo Também? Pois é isso. É
teatro, e quando ele, o teatro, se personifica para mim, como no ensaio de
ontem, como nos últimos eventos, me dou conta do quanto esta é também uma relação sedutora.
Ainda que pese a rotina, a lentidão e
a rudeza da vida sobre as circunstâncias das quais queiramos ou não estamos
expostos, ainda que alguma tristeza faça menção de aproximar-se deflagrando os
velhos sonhos de um mundo novo, ainda assim virá ele, o teatro, quase um filho,
quase um pai, quase um de nós! Como um deus... Como Deus para dizer:
“Vem, vamos brincar mais um pouco. Acreditar vez em quando,
divertir-se mais. Vem, vamos vestir como todos, a máscara da sobrevivência para
despir alma; pois a nós os famigerados, subversivos, desertores, vocacionados, vagabundos, elevados, achados e perdidos, os
fazedores de teatro, os semideuses o que resta é isso: cumprir o chamado.
Chamar gente para ver, para fazer, para contrariar se for o caso e compartilhar
sempre por que é preciso e por que teatro é isso também. Vem, vamos desnudar o
mundo de cinzas e coser com magia um novo manto, um outro olhar, uma outra vida,
tudo outra vez... Como guerreiros, missionários, desbravadores, como sonhadores que somos. Tão humanos,
tão mortais”.
A questão toda é prontificar-se. Para então provida de
divagações, cansaços e sorrisos retornar de um dia todo de trabalho. Tomada.
Completa e como sempre seduzida. Alma lavada e de verdade. Alma entregue. Sempre.
No mais, a Vida segue na boa e velha
conclusão (que não é uma conclusão, mas sim uma pergunta) que me sustentou até
aqui:
“Que outro jeito se não fazendo teatro pra eu ser feliz?”
Jacqueline Lemos
*** Se você chegou até aqui, gostou mesmo.Comente,eu em muito aprecio a opinião dos que me leem***
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