Esta é uma terra de Poesia. É Para aqueles que nela acreditam, que dela fazem seu remédio, seu veneno. Que a apreciam, a detestam. Quem a tem como um ideal e quem não faz a mínima ideia do que seja isso. Amantes, como eu, do direito pétreo de expressar-se! Esta terra é para VOCÊ que me lê, me permite gritar em seus silêncios, meu ilustre convidado. Seja sempre bem-vindo à Terra dos Sonhos Perdidos - onde o tudo nada é... E o nada pode ser tudo!
Vamos contar até três,
Vamos pular para o alto,
Perder conosco o medo do mundo!
Vem mais pra cá,
Deita ao meu lado.
Exalta comigo sua beleza exata,
Que exato mesmo só há isso!
Que esse é meu dia mais bonito...
E os meus dias costumam ser tristes,
Nublados.
Por que toda alma de poeta
É desgraçada...
E por que chove lá fora.
Por que toda alma de poeta
Nasce incompleta
Ruminando ‘eus’ demais
‘poemando-se’ sempre
E isso é veneno!
Por que toda alma de poeta
Não é sozinha.
Por que há poesia
E por que a poesia não se comporta
É que ela vai do céu ao inferno
Vamos?
A poesia não se conforma onde haveria
de haver
Por que nós?
Por que você não se acostuma
Mas comumente extrapola
Não se encaixa
Nem vai se importar tanto assim
Enquanto estiver derramando
E você se derrama...
Por que sempre há
Aquela vontade de não acordar
Mas, ainda está viva, não é mesmo?
Não tenha medo...
Também arranho as noites
Para que os poemas se deitem comigo
Mas não consigo dormir
Nem pretendo acordar!
Vem...
Escreve
Se não para perto
Então, para tão longe...
Escrever para restar viva! E só isso.
Que esta minh’alma não tem limite, nem preferências.
Vive das suas pequenas fraquezas
Seus versos infames
Seus singelos 'expiro-temas'
Contra tudo e contra todos
Não se sabe até quando.
Franquezas à parte,
É somente quando finalmente parto,
Que tua imagem resplandece
E aí, já não sou eu, mas, o sonho...
Que me parte ao meio!
Que inspira transpirando
Que transcende o instante em que te vejo poema
- que ironia! -
Em estado de Graça!
E assim jaz minha escrita embriagada
Dos teus trinta e poucos medos...
Vira poema que aconteceu.
E aí haja hoje para tanto ontem
Haja alguns goles de café.
Por que dormir ainda dá medo
E por que nos meus sonhos
Eu tenho saudades
Do que nunca vivi...
Para sempre!
Reencarnada algumas vezes,
Resta-me assim a natureza madura desses
versos
Que brotam das rachadoras
Que escorrem dos poros
Soluçam no pólen das flores e choram
acuados.
Versos que talvez se valham do teu colo de Deusa,
Já que nada valem os poetas...
Valeria, ainda assim, o meu juízo inspirado de ti,
Que ocorreria em qualquer tempo?
Os poetas!
Infames egoístas
E suas excentricidades...
Com rimas às luzes da insônia
Com trovas às sombras da musa
A minha gota d’água
A ousadia em transbordar
E ao acordar não mais que grãos de
areia
Todos nós os desvalidos
Os poetas.
Os que sempre sentem medo
E apesar disso seguem
Quase humanos
Eu também sinto medo...
Do frio do outono
Do calor dos infernos
Da ode a desgraça
Medo da suspensão.
Mas, não por isso...
Por que não?
É aqui que eu salto,
Até Breve.
"Sempre fui uma garota incomum, minha mãe me disse que eu tinha uma
alma de camaleão. Sem senso de moral apontando para o norte, sem
personalidade fixa. Apenas uma indecisão interior tão extensa e tão
ondulante quanto o oceano. E se eu disser que não planejei para que tudo
fosse desse jeito, estaria mentindo – porque nasci para ser outra
mulher. Pertenci a alguém – que
pertenceu a todo mundo, quem não teve nada – que quis tudo com uma
vontade por cada experiência e uma obsessão por liberdade que me
aterrorizava a ponto de não poder sequer falar sobre – e me levou a um
ponto de loucura onde tanto me deslumbrava quanto me deixava tonta. Eu
acredito no país que a América costumava ser.
Acredito na pessoa que
quero me tornar, acredito na liberdade da Estrada aberta. E meu lema é o
mesmo de sempre. Acredito na gentileza de estranhos. E quando estou em
guerra comigo mesma – dirijo. Apenas dirijo."
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Ampulheta
Você se desprendeu de um sonho...
Eu, nunca mais acordei.
E nunca mais os seus beijos.
O vão de um tempo que não existiu.
Esta tudo cada vez mais distante
E cada vez mais rápido ao som daquelas músicas.
Ultrapasso a realidade a 180 km/h
Cambalhotas no ar.
Eu saco do vidro
Eu pulverizo!
E
acordo.
Concordo, estar enlouquecendo, comigo mesma.
04:30 - outra vez
São noites e noites, acordada,
Eu que sempre temi voltar sozinha
Vou onde, nesta velocidade irreversível?
E todas essas coisas que eu deixei pelo caminho
São feridas que nem sangram, nem cicatrizam.
Ciclos de infinitos.
A solidão só é boa aos tolos que se bastam!
A memória, quando não te enlouquece...
Mata.
Jacqueline Lemos
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Pretéritos
Eu posso ver milhões de cores escaparem desses olhos E poderia ir tão longe quanto o horizonte que dentro deles se escondeu Pudera eu sentir dos perfumes o mais doce Podia ouvir-te a mais suave das canções Verteste em poesia, por quê não? Eu poderia ninar o teu sono Pudesse eu acalentar o teu corpo Bem que podia apaziguar as tuas dores Colorir-me às tantas cores dos teus olhos Todavia, não poderia eu com a eternidade. Eu não a tenho Enquanto escorres como um rio Terço meu eu em finitude. Enquanto corres com a força de um tornado Eu finco passos em areia movediça, O tempo inteiro e À medida que transcendes Apago assim de vez em quando És vendaval Eu nada além de um sopro És o futuro Eu sou pretérito imperfeito. Jacqueline Lemos.
Angelus
Deita-te anjo negro de alvas plumas
Cobre-me a memória
da bruma cálida do tempo...
Lança-me ao entorno as asas que te elevam e
me desgraçam
Traz no peito a seiva bruta da tua cria
o calor que
colore a tua pele e fervilhando corre as tuas veias
ode ao vento que
se ergue no bater das tuas asas
e até hoje é perfume que inebria
força
irrequieta que se esvai nos poros
e só se pode sentir ao longe
Dai-me, santidade, um sinal que seja
e deitar-me-ei as pétalas ao
teu lado
Mas de repente um sono insolente que me apaga.
Faz-me transbordar as teorias vans à realidade.
Sono breve
que se esgueira
quando amanhecido da poeira erguida no teu voo
Lastimo
enfim as raízes que me prendem de segui-lo
Eis a sina das flores e dos
anjos
num mundo onde você deve ter raízes ou asas
Para o mais posso
ver-te ventre da plenitude à sangria
e se adormeço é pensando qual dos
dias voaste para tão longe.
Dorme agora a espreita de quem cria
Poesia de alvos cachos
Ventre da
humanidade
Exercita pois tamanho extinto
Que ainda aguardo enquanto
sonho.
Jacqueline Lemos
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Bem, todos que passeiam por aqui sabem da minha relação com a poesia. Sabe que esse é o mundo paralelo que eu criei para sonhar a vida. Aos que não sabem, trata-se disso. De poesia! Assim sendo não poderia deixar de falar do Lançamento do livro de Benedito Lemos - meu pai - onde tenho publicado alguns dos poemas que já compartilhei por aqui. No mais, poesia em prosa, da filha ao pai.
Meu
Agradecimento
Pai
Benedito Lemos,
agora sim, vou falar como filha! Nada de produção, agenda, por menores ou
compromissos... Enfim, concluímos.
Nos últimos dias vivi com meu pai a experiência surpreendente de trabalharmos
juntos. Cada um do seu jeito, com um objetivo comum: o lançamento do livro
Constelação de Sonhos: Lindas e Inesquecíveis Poesias. Pude cuidar do teatro, o
cerimonial e a divulgação.
Registrei cada entrevista compondo
o portfólio, como manda o figurino, enquanto transbordava em muita emoção. Foi
sempre uma honra estar ali com Benedito Lemos. Acompanhar o sorriso tímido e a
bela oratória, sua presença confiante diante das câmeras, nas rádios, etc. e
tal. Meu pai é jurista e eu sou atriz, então costuma ser o contrário lá em
casa.
Agradeci e ainda agradeço a Deus, a
noite do lançamento do livro Constelação de Sonhos. Agradeci ao firmamento por
vê-lo, ao lado dos tantos amigos queridos que se fizeram presentes. Também a
família – sua esposa, suas irmãs, seus filhos, seus netos, para prestigiá-lo.
Amigos de longa data, muitos que me viram crescer, seus Irmãos Maçons,
autoridades, algumas delas, seus ex-alunos.
Agradeci ao Grande criador por cada sorriso seu, por cada uma daquelas falas,
tão especiais. Mais ainda, por que o livro eu posso dizer que vi nascer quase
na primeira ideia, a 10 anos atrás, o sonho, não. O sonho veio bem antes de eu
nascer e sempre foi explícito. E que honra, ter sido contagiada por ele!
Reunir o melhor da poesia no mundo! – E em quantas das suas viagens na busca
obstinada dessa constelação de sonhos não recebi, também, alguns dos meus
livros? E que diferença isso fez à minha vida, desde sempre. Ah, pai obrigada!
O acompanhei nas livrarias, desde bem menina. Era e é fantástico, vê-lo
garimpar com brio os seus ‘amigos de estante’. Mesmo quando criança livrarias
pareciam mais atraentes que lojas de brinquedos, não por que eu já os soubesse
escolher, mas por que sempre presenciei o momento em que o senhor enamorava-se
deles. A leveza e o respeito desde o primeiro toque. E fui tomando gosto pelo
seu encantamento que era, a meu ver, de maneira tal com seus livros, com os
quais cresci rodeada, que me pareceram, como a qualquer outra criança que o
visse e admirasse como eu, algo melhor que qualquer brinquedo. Algo realmente
importante!
Ter podido participar da concretização desse projeto é da maior relevância para
a minha trajetória de vida. É para mim motivo de indescritível orgulho, como tudo
que vivi e aprendi com o meu amigo e pai nesta vida e que lembrarei para
sempre!
Contarei aos meus netos a noite em que Academia Pedreirense de Letras,
dignamente representada por uma comitiva de poetas pedreirenses, o consagrou como membro.
Importa destacar que o Livro Constelação de Sonhos, foi gerado com dedicação e
através da solidez de uma grande amizade. O querido Geraldo comungando da
afinidade e seu anseio em conceber algo verdadeiramente útil aos corações
humanos galgou depois o mesmo caminho de busca e construção e juntos tiveram
conversas a fio e lirismo na concepção de Constelação de Sonhos.
Agradeço ter podido estar presente, em tantas delas! Amizade como a deles,
foram poucas, linguajar e intelecto, principalmente, por isso foi-me sempre
aprendizado comungar de estimadas companhias.
O antologista Geraldo Melo, é uma ausência sentida para nós e se eterniza
honrosamente nas páginas de Constelação de Sonhos com suas estrelas
parnasianas. Consto no livro, também, por escolha dele que foi meu professor e
tinha, assim como papai, uma crítica poética de muita sapiência e propriedade
de conhecimento, às vezes bem firmes, é verdade. Mas que em muito me valeram!
Agradeço com saudade todas as tardes de estudo e tudo aquilo que o professor
Geraldo se dedicou em compartilhar comigo, como também à sua amizade. Agradeço
também ao meu mestre, exemplo maior, amigo e pai, Benedito Lemos. Pela chance
de uma vida ao seu lado!
Agradeço, meu pai, todas as tardes fagueiras à sombra da lua, no terraço da casa
em Pedreiras, com o senhor. Agradeço a paciência, o amor, a compreensão, a
compaixão. Agradeço novamente o exemplo, o aprendizado! Quem me dera ser para o
senhor um terço do orgulho que o senhor é para mim, meu amigo, protetor e pai.
Posso dizer que tive um professor no terraço de casa e pra vida inteira.
Este pai, um jurista pacato e estudioso foi-me exemplo nas falas e nos
silêncios! Sou poeta, não por escolha, mas antes, pela ausência dela. A poesia
foi-me sempre uma condição expressiva de SER, tão intrínseca quanto o meu amor
por você, meu pai, que não vem de laços, mas antes, de outras vidas! Saiba que
para mim é uma honra contemplar a sua existência e cultivar esse amor!
Também por isso eu agradeço ao senhor, meu protetor, meu porto, minha razão e
meu amigo por oportuniza-me mais este exemplo. Se de fato ‘herdei’, como dito,
esta sua vocação saiba que a levarei com a mesma responsabilidade e
incondicional amor que me ensinaste. Por isso, por ontem, hoje e sempre,
Obrigada.