Confidentes

segunda-feira, 17 de março de 2014

Sobre o Fogo, a Água e o Vinho...



 Bem vindos de volta... Aperte o play e boa leitura!




Combustão Humana



Estive pensando se vale a pena

Essas escolhas...

Pensando que, há algum tempo atrás...

Quem sabe de outro jeito

Acordar sem te ver

Sem amanhecer

Pensando nas horas

De um total desprendimento

O fogo do sol nascendo.

Quem realmente sabe

O que a gente paga pra ser quem é?

Quem realmente sabe 
o que a gente deixa pra trás... por causa disso?
Quem, meu Deus, controla o próprio peito?

Quem se “arritmia cardíaca” por que quer?

Quem realmente não queima, quem?

Fico pensando se existe mesmo essa coisa tão certa...

Se passamos do ponto.

Se faz sentido

Deixar-se queimar desse jeito.


Jacqueline Lemos 


Com música fica perfeito... Play!



Ainda sobre os Semideuses



Viver o momento do Teatro é abnegar-se. Abdicar-se... Mentir-se! Satisfazer as vontades e mentir as verdades de outrem. O ator usa a mentira da Arte para falar da verdade da Vida. Afinal, quem de nos já não quis ser na vida o que é em cena? Quantos não sãos os que ao ver-nos enxergam-se a si mesmos? Eis um bom e velho hábito grego e vão longe as semelhanças!...

Nós atores não somos mais que objetos de reflexão que refletem. Que atrevimento! E que sina desgraçada. Pelo direito de rasgar-se e tornar-se outro... Que Loucura! O poder perturbador de gerar a vida e a morte. A brincadeira do faz-de-conta... de verdade.  Nossas redenções diárias. O limiar, sempre e nisso, a razão de estarmos vivos.

O teatro nada mais é que nós mesmos a interpretarmo-nos, o tempo inteiro. A velha história do homem e suas justificativas ao inexplicável.  O teatro-sacro-santo de cada dia. O infame filho da ousadia. O direito de sermos aquele a quem conquistamos palavra por palavra, a cada novo ensaio. A cada novo encontro. Direito adquirido do entremeio entre os nossos vasos e aqueles a quem doamos.

Viver o momento do teatro é entregar-nos de corpo e alma ora como fazem os amantes, ora como fazem as crianças... e a catarse, de que tanto  falam os atores, nada mais é, a meu ver, que a sensação de estar completamente submerso e ao mesmo tempo ser capaz de enxergar-se lá do alto. E nem sempre meus queridos... Nem sempre, mas, às vezes, o ator flutua sem mover os pés do chão.

O teatro é a técnica do autocontrole enquanto o corpo incorre em transcendência... E isso é mais que nós mesmos, muito mais que nós mesmos... estejamos sempre atentos a isso em nossas projeções ensaiadas, para que assim corramos cientes o risco de desmascarar-nos. E ao risco de criarmos, sempre. Sempre... Sempre! Retermos em falas os mais absurdos pensamentos...

Ademais, defendamos, meus queridos atores, com o nosso brado, a nossa convicção inabalável ou verdade cênica (aos que assim preferem) Defendamos isso, meus caros, com todo instrumento que somos, com o corpo em que se escuda a representação e a alma que se invade de sonhos e possibilidades. Teatro é isso. Ou catarse (como queiram)... 


O genuíno momento teatral é um treino diário à mente do ator, seus favores, seus defeitos, suas dores e defesas vorazes, ou devo dizer verossímeis? O teatro é o exercício sobre-humano em sermos quase deuses, que nos despe, nos fere, nos queima, nos rende... Mas, também, nos liberta de nós mesmos... Uma ironia santa ou o elo com sua própria égide grega, eu diria.   


Mas eu sou daquelas apaixonadas ao extremo – das que relutam até em desfazer o cabelo por saudade e necessito de um tempo de aconchego entre a fantasia da cena e o outro dia, a realidade da vida. Do dia seguinte...  Talvez por fazer parte do pequeno grupo para o qual teatro e psicanálise são, basicamente, a mesma coisa. Téspis explica... Será?



Jacqueline Lemos. 



LILBE (ORAÇÃO)



 


És a louca que arrebenta a minha existência
A poeira nascida dos sonhos do autor, 
De seus versos
O sopro que se exaure de meus pulmões. 



Parte parida em mim mesma

Mulher dos palcos de chão

E de todos os deuses... Evoé!

A Mulher mal nascida,

A Morte e a Vida,


Aborto de pensamento
Outra Oração
Para você outra prece
Mulher que me veste as mãos e as falas
E que me cala depois desnuda tão lindamente
Que deita sobre o meu peito
Seu peso leve
Sussurrando em segredo seus medos do mundo
E a cada novo encontro...
Breves eternidades

Com minha Deusa

Minha louca

Monalisa às avessas

Sinta-liga

Minha Mulher...

Obra da Obra

No teatro das Verdades e Mentiras

Cortinas à fora nos palcos da vida!

Sonho desprendido de Algum texto...
Sopro de vida.
Ser que habita vez em quando...
Amor mais honesto
Verdade da mentira.
Cena. 




Jacqueline Lemos