Bem vindos de volta... Aperte o play e boa leitura!
Combustão Humana
Estive pensando se vale a pena
Essas escolhas...
Pensando que, há algum tempo atrás...
Quem sabe de outro jeito
Acordar sem te ver
Sem amanhecer
Pensando nas horas
De um total desprendimento
O fogo do sol nascendo.
Quem realmente sabe
O que a gente paga pra ser quem é?
Quem realmente sabe
o que a gente deixa pra trás... por causa disso?
Quem, meu Deus, controla o próprio peito?
Quem se “arritmia cardíaca” por que quer?
Quem realmente não queima, quem?
Fico pensando se existe mesmo essa coisa tão certa...
Se passamos do ponto.
Se faz sentido
Deixar-se queimar desse jeito.
Jacqueline Lemos
Com música fica perfeito... Play!
Ainda sobre os Semideuses
Viver o
momento do Teatro é abnegar-se. Abdicar-se... Mentir-se! Satisfazer as vontades
e mentir as verdades de outrem. O ator usa a mentira da Arte para falar da
verdade da Vida. Afinal, quem de nos já não quis ser na vida o que é em cena?
Quantos não sãos os que ao ver-nos enxergam-se a si mesmos? Eis um bom e velho
hábito grego e vão longe as semelhanças!...
Nós atores não
somos mais que objetos de reflexão que refletem. Que atrevimento! E que sina
desgraçada. Pelo direito de rasgar-se e tornar-se outro... Que Loucura! O poder
perturbador de gerar a vida e a morte. A brincadeira do faz-de-conta... de
verdade. Nossas redenções diárias. O
limiar, sempre e nisso, a razão de estarmos vivos.
O teatro nada
mais é que nós mesmos a interpretarmo-nos, o tempo inteiro. A velha história do
homem e suas justificativas ao inexplicável.
O teatro-sacro-santo de cada dia. O infame filho da ousadia. O direito
de sermos aquele a quem conquistamos palavra por palavra, a cada novo ensaio. A
cada novo encontro. Direito adquirido do entremeio entre os nossos vasos e
aqueles a quem doamos.
Viver o
momento do teatro é entregar-nos de corpo e alma ora como fazem os amantes, ora
como fazem as crianças... e a catarse, de que tanto falam os atores, nada mais é, a meu ver, que
a sensação de estar completamente submerso e ao mesmo tempo ser capaz de
enxergar-se lá do alto. E nem sempre meus queridos... Nem sempre, mas, às vezes,
o ator flutua sem mover os pés do chão.
O teatro é a
técnica do autocontrole enquanto o corpo incorre em transcendência... E isso é
mais que nós mesmos, muito mais que nós mesmos... estejamos sempre atentos a
isso em nossas projeções ensaiadas, para que assim corramos cientes o risco de
desmascarar-nos. E ao risco de criarmos, sempre. Sempre... Sempre! Retermos em
falas os mais absurdos pensamentos...
Ademais,
defendamos, meus queridos atores, com o nosso brado, a nossa convicção
inabalável ou verdade cênica (aos que assim preferem) Defendamos isso, meus
caros, com todo instrumento que somos, com o corpo em que se escuda a
representação e a alma que se invade de sonhos e possibilidades. Teatro é isso.
Ou catarse (como queiram)...
O genuíno
momento teatral é um treino diário à mente do ator, seus favores, seus defeitos,
suas dores e defesas vorazes, ou devo dizer verossímeis? O teatro é o exercício
sobre-humano em sermos quase deuses, que nos despe, nos fere, nos queima, nos
rende... Mas, também, nos liberta de nós mesmos... Uma ironia santa ou o elo
com sua própria égide grega, eu diria.
Mas eu sou
daquelas apaixonadas ao extremo – das que relutam até em desfazer o cabelo por
saudade e necessito de um tempo de aconchego entre a fantasia da cena e o outro
dia, a realidade da vida. Do dia seguinte...
Talvez por fazer parte do pequeno grupo para o qual teatro e psicanálise
são, basicamente, a mesma coisa. Téspis explica... Será?
Jacqueline Lemos.
LILBE (ORAÇÃO)
És a louca que arrebenta a minha existência
A poeira nascida dos sonhos do autor,
De seus versos
O sopro que se exaure de meus pulmões.
Parte parida em mim mesma
Mulher dos palcos de chão
E de todos os deuses... Evoé!
A Mulher mal nascida,
A Morte e a Vida,
Aborto de pensamento
Outra Oração
Para você outra prece
Mulher que me veste as mãos e as falas
E que me cala depois desnuda tão lindamente
Que deita sobre o meu peito
Seu peso leve
Sussurrando em segredo seus medos do mundo
E a cada novo encontro...
Breves eternidades
Com minha Deusa
Minha louca
Monalisa às avessas
Sinta-liga
Minha Mulher...
Obra da Obra
No teatro das Verdades e Mentiras
Cortinas à fora nos palcos da vida!
Sonho desprendido de Algum texto...
Sopro de vida.
Ser que habita vez em quando...
Amor mais honesto
Verdade da mentira.
Cena.
Jacqueline Lemos