Confidentes

terça-feira, 5 de março de 2013

Fruto Podre





Fruto podre


Quero afogar-me. Quero inundar-me ao ponto que ar nenhum chegar a mim.

E tomada por águas profundas, quero ser onda... Quebrantar na ribeirinha profusa,

Desenhar arabescos na terra para então tornar a sê-la. Nutri-la em imperfeição.

Quero plantar-me. Fincar raiz na solidão. E que o fruto nasça podre;

O proibido fruto do velho Édem. Ser desse devastado jardim o sol e a serpente.

Como o Sol queimar. Consumir as folhas secas

Onde por qualquer ironia fora escrita a minha história.

E restando só dela a fumaça, confundir-me ao vento e também sê-lo,

Invisível, soberano... Quero evaporar!

Ser para essa gente como o ar que ignoram e mais que tudo necessitam

Ventar pra longe desses seres que nunca hão de entender dos labirintos de um coração,

E então perdida quero lançar-me. Vagar e vagar e vagar

Como brisa, que finalmente condensada há de despencar molhando o mesmo chão

Quebrantando o mesmo fogo

Tornando a ser o mesmo mar

Quero afogar-me. Lavar esta alma imunda. Lavar-me;

Submergir para nunca mais.


Jacqueline Lemos

*** Se você chegou até aqui, gostou mesmo.Comente,eu em muito aprecio a opinião dos que me leem***

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