Confidentes

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

ANO NOVO - POESIA NOVA





O Grito de Juliana

A vi gritar com o frisson

De um mal me quer

O mundo ao qual pertencia

Qual cor, qual timbre teria?

O homem que a observava,

Seria o seu marido,

Seria agonia?


A dor daquela mulher

Expressão no silêncio,

Um pulsar na prisão...

De um corpo que fala de si

Num mundo de ingratidão.


O velho que velho não é,

Aquele que não ouve a dor

De um sonho onde a solidão tem cor

Que é bela e não atinge ninguém!

Aquela mulher que avistei

Calou-me sem nada dizer...

Fez-me escutar mais de mim,

Fez-me entender de você.


Que os corpos que têm imperfeição

São poderes que os fazem perfeitos!

Que o mundo deve saber mais de si

Que o homem tem muito a dizer...


Mãos que choram,

Olhos que leem...


No lamento de uma muda canção

Correu a lágrima sem som para cair,

E olhando para aquelas mãos

 Chorei por quem nunca ouvi.



Jacqueline Lemos
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A Outra

A espera e o espelho a consolam

Duas facas apontadas pra garganta

Nas lacunas que agora a consomem

A escolha de um caminho sem volta.

Violar-se por pecados de outrem

Permitir que sua fera a possua

É matar pelas mãos do próprio homem

Na razão, o direito à própria sombra.


Se mais tarde eu não tiver conseguido

As respostas que a loucura requereu

Por sinais de assombros nus em meus ouvidos

Saberei que a culpada fui eu


Ao buscar inspiração que valha o medo

Corrompi antes a poesia primeira

E a julgar pelas noites de insônia

Somos duas sofrendo em segredo.


Jacqueline Lemos 


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VENCIDA

Essa sede rala na alma

De tempos outrora vividos

De um lamento que não fora ouvido

De um sustento que não sucedeu

Por agora o quando é comigo

Por amigos que eu não pude ter

Por migalhas de amor o castigo

De ao todo nunca pertencer.


Jacqueline Lemos
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É Dose!

Não dá pra agradar todo mundo...
há momentos que mesmo ninguém!
Para mundo que eu vou descer
A minha com gelo, sou filha também.
Jacqueline Lemos.

        (por ela mesma)
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Quando o tempo atravessou a rua


Quando ele veio foi com o frescor de um tempo em que o medo não existia. Ao olhar para o outro lado tive a impressão de que já nada havia nem a rua nem o tempo. Numa fração de segundos, divaguei numa vida que se um dia existiu restou pálida na moldura do passado, portas que depois de um tempo ninguém quer abrir... chaves que hão de consumir-se de tempos em tempos e em expectativas; caminhos que por qualquer razão se bifurcam, é verdade.

Naquele tempo tudo era novo, era esperar as 18:00 e de novo estar ali, um grupo de jovens a descobrir a cidade; a nossa volta violões, promessas e dúvidas. Cada um para o seu lado dessa vez. Há quanto tempo?
                Quando o tempo atravessou a rua algo de minh’alma louca, crua e incontida atropelou uma vida inteira como um grito de carnaval que tivera se desprendeu...
             
                Correu solta a lembrança dos dias incompreendidos, dias de revolução. Inexatos corações tentando entender um mundo sem qualquer esforço em serem entendidos, sem nunca ter tempo e ter o tempo todo do mundo. Jovens reunidos na desilusão. Era o velho um mundo novo, um sonho louco, Recordação! “Contos de outro lar quebrado” Jesus nos subúrbios como dizia a canção.

                Quando o seu despretensioso sorriso, o sorriso dos desajeitados encontros, a tenção das primeiras e vans tentações, os jogos de vídeo Game nas tardes de domingo,o mesmo de... “oh, faziam já quinze anos” pensei.

                Quando em passos largos o vi seguir em minha direção, um velho tom vagou na mente, de repente os mesmos sons e anos atrás ali, frente-a-frente, faltando para o perto apenas o mesmo lado, me eximí de pensar que uma avenida entre presente e passado é algo longo demais para que se possa atravessar.

                Quando aquele sorriso tornou a cruzar o meu caminho, não foram as cores ou formas, não foi a fé nem dela seria preciso, Era só... Era como se... Foi um caminhão que tombou no meu caminho. Quando o vi, não por ele, mas por mim... Era o tempo. Era algo sobre os caminhos para ser, por que ninguém deve dar adeus a si mesmo.

                “Quanto tempo”  Ele disse;

“Ah, quanto tempo” – Pensei.


Jacqueline Lemos

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