Perdoai
E o
mais incrível é que continuo me surpreendendo com a baixeza de algumas pessoas.
Ainda me impressiono e entristeço com golpes que vem sempre de onde eu menos
espero. Esse amargo na garganta em perceber que você solta o mundo para segurar
a mão de alguém e esta mesma pessoa agarra-se a ele para largar da sua... Sou sempre pega de surpresa. Também, pudera!
Cobras rastejam e eu não sou de olhar pra o Chão. Mas eu supero. Eu aprendo. Eu
me refaço! Ganhar o desamor como retribuição sempre me foi algo previsível e
irremediável por que, apesar de tudo, (desistam) não me rendo. Sou (entendam) UMA SOBREVIVENTE e o que me
move é algo muito maior! O que move as minhas irrefutáveis escolhas É um ideal,
Um sonho! Algo que, infelizmente, almas
mesquinhas jamais poderão experimentar.
Por essas, aliás, a despeito do que pensam, sinto mesmo só dó. Lamento
por essas pessoas que julgam ter tudo, mas deixam a alma à míngua, morrendo de
fome. Fome de HUMANIDADE, LEALDADE, COMPAIXÃO. O mais doloroso é saber que
nunca irão sentir o que sinto com meu reles teatro, essa calma na alma, a nova
chance, essa fé em si mesmos. Me
entristece de verdade isso... Em pensar que odiado teatro pode CURAR gente
assim! A saber: Não tenho grana, não tenho status, não tenho o bom cargo... Eu
apenas SOU O MEU TEATRO, num mundo onde ser alguma coisa não é absolutamente
nada se você "não tem umas coisas", não é mesmo?... Não, não é! Por
que afinal de contas, eu tenho só 23, muitas outras tentativas a fazer e muito,
muito, muito, muito mais TEATRO! DE MODO
QUE, MINHA CABEÇA, QUE TANTOS QUEREM QUE ROLE DE ALGUMA MANEIRA, PERMANECERÁ
ERGUIDA; ENCARE-ME QUEM FOR CAPAZ. É... Às vezes é preciso sair de São Luis pra
conseguir lembrar que o tempo não é um inimigo ou se dar conta de que
"ninguém é assim tão amigo" quando há uma oportunidade de puxar seu
tapete. Fico sinceramente magoada em ver a fraqueza de pessoas a quem dedico
carinho, logo eu que em nada os pretendo atingir, mesmo assim - e digo isso de
coração - TUDO BEM. O TEATRO ME TEM
ENSINADO A RELEVAR, AMADURECER, COMPREENDER QUE EXATAMENTE COMO NO PALCO ALGUMAS
PESSOAS ESCOLHEM MASCARAS PARA VESTIR NA PRÓPRIA VIDA. PENA É VOCÊ NÃO AVISAR O
OUTRO DA SUA CENA! Por isso prefiro o palco, onde todos entram mentindo pra
falar a verdade e não o inverso (Chamem
isso de Ética profissional se quiserem, já tenho DRT, já poderei me aposentar
como atriz - sim, sim, isso mesmo - é amor, é sonho, mas também é PROFISSÃO com
direito a anuidade da carteira e Sindicato). No mais, passei da fase de
"provar pra todo mundo que eu não preciso provar nada pra ninguém".
Por isso, tá tudo certo. Certas coisas têm que acontecer, têm que ser
definitivas e o serão. Tudo que nos ocorre na vida deve impelir-nos a exercer o
direito de tentar ser feliz inerente a qualquer ser humano, não seria diferente
comigo (pasmem, além de atriz eu sou um ser humano - não que me orgulhe disso
também...).
"perdoai,
eles não sabem o que fazem" tampouco sabem que larguei meu tapete faz
tempo. Na verdade, era segredo, mas... Eu tenho asas!
E tenho Dito.
E tenho Dito.
Arco-íris
A cor corre
A dor fode
Amor...
A cor cobre
Avenida nobre
'Bienvenida' Beira-mar
Ah, o mar...
Há um mar em mim
Acorde
Ancore
Afogue.
Ah! Um mar agora
Há no mar memória
Amor, vamos pular da
próxima vez
Cores novas pra nós
dois.
O mar é enorme...
Como não perder-se
assim?
O céu está caindo ou...?
Onde está sua mão?
Isso não deve ser tão
ruim.
A dor corre
A cor cobre
Ardor.
Jacqueline Lemos
“O direito de ser”
O
tempo me tem trazido um sabor que oscila desmedidamente entre o desgosto e a
perfeição. Ao passo que os dias passam, os versos se aprimoram e o cansaço se
instala... Enquanto o espelho traça o seu esboço mal acabado de um corpo novo –
Curvilíneo, acentuado... Minha alma protesta descontente diante de tal
condição, “há algo errado aqui”, meu corpo amadureceu antes do que eu pudesse
ver, entender ou preferir. Há em mim uma nova situação que me vem pedir que
escolha, decida e lide com coisas com as quais não sei lidar.
Não
senti que aquela fosse à hora de abandonar os meus heróis, meus castelos,
ideais e porquês... Eu não estava preparada para crescer, para cair de tão
alto! Eu não soube dizer que não... Os ciclos foram selando-se depressa, sempre
avulsos e desonestos, os sonhos se ofuscando, os passos se entregando as
desventuras e eu, cada vez mais e sem saber por que, perdia a terra dos
pés...
Os
retratos se renovam, mas as molduras estão velhas, os olhos cegos, as mentes
compradas, a recíproca nem sempre é verdadeira por que afinal, não é essa a
exigência dos mercados... A maioria das pessoas cresce, mas não sabe evoluir,
faz do tempo uma sentença – as vozes se calam, as verdades se omitem, as cores enegrecem e logo tudo está feio, triste e cinza, apenas cinzas...
As
prioridades que carrego, ainda são muito minhas, mas me querem convencer de que
estas não me servem mais... E me querem
condicionar a novos valores e ideais, ambições que eu nunca abracei.
Ensinaram-me a gritar e
logo após usurparam o meu brado, na mais singela e verdadeira tentativa de
acertar me fizeram errar nos passos e então eu cai tão fundo, que me perdi
naquele emaranhado de perguntas sem ter mesmo o que dizer... Sabia apenas que
algo permanecia errado e que na realidade nada mais era, do que o meu “direito
de ser” tomado de mim. Quando olhei para
os lados, abri as janelas, quando olhei para mim, cobri o rosto de vergonha por
que aquele não era o meu mundo nem aquela era eu, minha direção nunca fora essa,
tampouco fora esse o caminho que escolhi...
Eu
tinha tanto medo que isso acontecesse e vi acontecer sem fazer nada! Para onde
estou caminhando agora? Quem saberá dizer se estes passos são os meus? Por que
eu não decidi parar? Por que eu não disse que não? A menina que trazia nos
ombros tantos anos metediços se deu conta de que o tempo não a espera, de que
suas cores estão se acinzentando e que mesmos os planos mais sagrados podem
tornar-se um campo minado quando a riqueza te ameaça deixar “pobre”.
Jacqueline Lemos
Um não amar preciso
Eu
não o amo.
Não
se não estou com ele...
Por
que o que eu amo nele
É
o jeito que ele me ama.
Se
é que ama quando não está comigo...
O
que eu amo nele
É
a vastidão de seu sorriso.
A
solidão que necessito,
A
completude inexistente
Fazer-me
presente
Sem
precisar ser preciso
Eu
amo isso
Esse
não ser que existe
E
isso de ser como, um amigo
Oculto,
por assim dizer.
Eu
o amo
Amo
quando está comigo...
Se
é que já algum dia esteve.
Jacqueline Lemos
*** Se você chegou até aqui, gostou mesmo.Comente,eu em muito aprecio a opinião dos que me leem***